segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Texto: Brasil Colônia

BRASIL COLÔNIA

1. BRASIL: O PERÍODO PRÉ-COLONIAL (1500-1530)

Como já estudamos, gurizada, por vários motivos os portugueses também participaram das Grandes Navegações. Assim, em 22 de abril de 1500, chegavam ao Brasil treze caravelas portuguesas lideradas por Pedro Álvares Cabral, com cerca de mil e quinhentas pessoas. À primeira vista, eles acreditavam tratar-se de um grande monte, e chamaram-no de Monte Pascoal. No dia 26 de abril, foi celebrada a primeira missa no Brasil.
Após deixarem o local em direção à Índia, Cabral, na incerteza se a terra descoberta tratava-se de um continente ou de uma grande ilha, alterou o nome para Ilha de Vera Cruz. Após exploração realizada por outras expedições portuguesas, foi descoberto tratar-se realmente de um continente, e novamente o nome foi alterado. A nova terra passou a ser chamada de Terra de Santa Cruz. Somente depois da descoberta do pau-brasil, ocorrida no ano de 1511, nosso país passou a ser chamado pelo nome que conhecemos hoje: Brasil. Foram realizadas algumas expedições ao longo do litoral brasileiro, com a intenção de conhecer o potencial da nova colônia: 1501- primeira expedição exploradora: Gaspar de Lemos; 1503- segunda expedição exploradora: Gonçalo Coelho.
Porém, mesmo com a descoberta das terras brasileiras, Portugal continuava empenhado no comércio com as Índias, pois as especiarias que os portugueses encontravam lá eram de grande valia para sua comercialização na Europa. As especiarias comercializadas eram: cravo, pimenta, canela, noz moscada, gengibre, porcelanas orientais, seda, etc.
Enquanto realizava este lucrativo comércio, Portugal realizava no Brasil o extrativismo do pau-brasil, explorando da Mata Atlântica toneladas da valiosa madeira, cuja tinta vermelha era comercializada na Europa. Neste caso foi utilizado o escambo, ou seja, os indígenas recebiam dos portugueses algumas bugigangas (apitos, espelhos e chocalhos) e davam em troca o trabalho no corte e carregamento das toras de madeira até as caravelas.
Revisando! Desinteresse de Portugal em colonizar o Brasil:
 impossibilidade de lucros imediatos (não foram encontrados, inicialmente, ouro, prata,..., no Brasil);
 o comércio de produtos asiáticos era mais lucrativo que o pau-brasil;
 possibilidade de conceder a extração do pau-brasil para particulares mediante o pagamento de tributos à Coroa e construção de feitorias no litoral. Extração do pau-brasil feita através do escambo com os povos indígenas (os indígenas cortavam a madeira e transportavam-na até as feitorias, na beira da praia, em troca de espelhos, miçangas, facas, machados,...).


2. BRASIL: O PERÍODO COLONIAL (1530-1822)

2.1 - O INÍCIO DA POSSE DA TERRA
Foi somente a partir de 1530, com a expedição organizada por Martin Afonso de Souza, que a coroa portuguesa começou a interessar-se pela colonização da nova terra. Isso ocorreu, pois havia um grande receio dos portugueses em perderem as novas terras para invasores que haviam ficado de fora do tratado de Tordesilhas, como, por exemplo, franceses, holandeses e ingleses. Navegadores e piratas destes povos estavam praticando a retirada ilegal de madeira de nossas matas.
Assim, em 1530 ocorre a expedição colonizadora de Martim Afonso de Sousa, fundando vilas e outros núcleos de povoamento. As razões do início da colonização foram:
 constantes investidas de contrabandistas estrangeiros (franceses, ingleses, holandeses,...) no litoral brasileiro;
 declínio do comércio com o oriente, cada vez mais dominados pelos holandeses;
 descoberta de ouro e prata no México e no Peru pelos espanhóis, estimulando a busca desses metais no Brasil.

A fim de explorar melhor o território brasileiro e garantir que todos os lucros fossem para Portugal, a relação econômica entre colônia e metrópole foi baseada no chamado “Pacto Colonial”, que determinava as seguintes regras:
 a burguesia detém o monopólio comercial na Colônia;
 a Colônia só podia produzir o que a Metrópole não podia;
 a Colônia só podia comercializar (comprar e vender) com a Metrópole;
 a Colônia não podia competir com a Metrópole.
As Capitanias Hereditárias (1532 – 1759) - como a grande extensão do litoral brasileiro exigia muito esforço e gastos com sua defesa, Portugal decide a incentivar a colonização a cargo de particulares, isto é, sem gastar nenhum “tostão”. O rei português decidiu então dividir o território do Brasil em quinze faixas paralelas à linha do Equador e entregar cada uma delas a um capitão-donatário. Doze capitães-donatários receberam capitanias, que, após sua morte, passariam a seus filhos. Por isso eram chamadas de Capitanias Hereditárias. Cada lote de terra doada era chamado de sesmaria. Essa doação era para pessoas de qualquer nacionalidade, desde que fossem católicos e administrassem a justiça a favor do rei de Portugal. Os sesmeiros deviam, contudo, fazer a terra produzir, no máximo, em cinco anos.
O Capitão Donatário recebia a posse da terra, podendo transmiti-la para seus filhos, mas não vendê-la. Recebia também uma sesmaria de dez léguas Devia fundar vilas, construir engenhos, nomear funcionários e aplicar a justiça, podendo até decretar a pena de morte para escravos, índios e homens livres. Adquiria alguns direitos: isenção de taxas, venda de escravos índios e recebimento de parte das rendas devidas à Coroa.
Se descobertos metais e pedras preciosas, 20% seriam da Coroa e, ao donatário caberiam 10% dos produtos do solo. A Coroa detinha omonopólio do comércio do pau-brasil e de especiarias. O donatário podia doar sesmarias aos cristãos que pudessem colonizá-las e defendê-las, tornando-se assim colonos.
No entanto, ocorreu o fracasso do sistema de Capitanias, devido: aos constantes ataques indígenas; à falta de dinheiro e mão-de-obra; à dificuldade de comunicação entre as Capitanias e a Metrópole e aos poucos lucros obtidos com a terra e com o pau-brasil, já que nem todas as terras eram adequadas ao plantio da cana-de-açúcar. Contudo, o sistema de capitanias-gerais lançou as bases da colonização (com o surgimento de São Vicente-1532, Porto Seguro-1535, Ilhéus-1536, Olinda-1537, Santos-1545,...), contribuiu para preservar a posse da terra e revelou as possibilidades de exploração econômica da Colônia.


As duas Capitanias que deram certo foram:
a) São Vicente – recebeu ajuda financeira da Coroa portuguesa; convivência pacífica com os tupiniquins; condições favoráveis ao plantio da cana-de-açúcar.
b) Pernambuco – condições favoráveis ao plantio da cana-de-açúcar; estava mais próxima da Europa, facilitando o comércio com a metrópole portuguesa; seu capitão donatário (Duarte Coelho) veio para o Brasil com muito dinheiro, que foi usado no plantio e produção de açúcar, além do combate aos tupinambás.

2.2 - O NEGÓCIO DO AÇÚCAR
A montagem do sistema colonial, isto é, como a metrópole irá explorar a colônia, ocorre a partir da implantação:
 da agricultura de exportação, com a plantação de cana e a exportação de açúcar (monocultura). Fatores que favoreceram a implantação da monocultura da cana no Brasil: solo e clima propícios, produto com alto preço e muita procura na Europa, experiência técnica dos portugueses nas ilhas do Atlântico e financiamento holandês da produção (lucro para o5% produtor, 25% para os portugueses e 70% para os holandeses).
 do escravismo colonial. A Igreja não aprovava a escravidão indígena. A necessidade de fornecimento de mão-de-obra regular e constante para a agricultura também contribuiu para que os colonos optassem pela escravidão africana.
 do latifúndio (grande propriedade de terra nas mãos de um só proprietário), que tem sua origem no sistema de capitanias hereditárias.

O engenho de açúcar - No Brasil colonial, os primeiros engenhos foram criados com capital português, pois, além de eles já conhecerem o produto, queriam atender a demanda européia. Eram os locais destinados à fabricação de açúcar, propriamente a moenda, a casa das caldeiras e a casa de purgar. Todo o conjunto, chamado engenho-banguê, passou com o tempo a ser assim denominado, incluindo as plantações, a casa-de-engenho ou moita (a fábrica), a casa-grande (casa do proprietário), a senzala (lugar onde ficavam os escravos) e tudo quanto pertencia à propriedade.


Características da sociedade açucareira:
 Latifúndio – grande propriedade agrícola nas mãos de um único dono.
 Monocultura – especialização no plantio de um único produto em cada latifúndio. Eram plantados produtos tropicais que não eram possíveis de serem plantados na Europa (cana-de-açúcar, algodão, cacau, tabaco,...). Tais produtos eram destinados ao mercado europeu.
 Escravismo – a grande propriedade agrícola utilizava o trabalho de negros escravos importados da África.
 Ruralismo – a vida dos colonos ocorria na zona rural, em torno das fazendas;
 Patriarcal ismo– o senhor-de-engenho tinha todo o poder na sociedade açucareira. Mandava na sua fazenda, na sua família, na política da região onde morava,...
 Estratificação social – era praticamente impossível uma pessoa mudar de uma camada social para outra.


A invasão holandesa no Nordeste brasileiro
A invasão holandesa fez parte do projeto da Holanda (Países Baixos) em ocupar e administrar o Nordeste brasileiro. Após a União Ibérica (domínio da Espanha em Portugal entre os anos de 1580 e 1640), a Holanda resolveu enviar suas expedições militares para conquistara região nordeste brasileira. O objetivo holandês era restabelecer o comércio do açúcar entre o Brasil e Holanda, proibido pela Espanha após a União Ibérica.
Em 1630, houve uma segunda expedição militar holandesa(na primeira, eles foram expulsos de Salvador em 1624), desta vez contra a cidade de Olinda, em Pernambuco. Após uma resistência luso-brasileira, os holandeses dominaram a região, estabeleceram um governo e retomaram o comércio de açúcar com a região nordestina brasileira. Até 1654, os holandeses dominaram grande parte do território nordestino.
Diante disso, começa a luta pela expulsão dos holandeses no Brasil, sendo o momento mais conhecido a Insurreição Pernambucana.Até que, em 1654, holandeses são finalmente derrotados. Já debilitados pelas guerras ao lado da Espanha, os portugueses têm um prejuízo ainda maior após o fim da guerra luso-holandesa no Brasil: os holandeses transferiram para as Antilhas a técnica da produção do açúcar aprendida aqui, o que gera a concorrência com o açúcar brasileiro. Por outro lado, já não havia mais o esquema holandês de distribuição do produto brasileiro no mercado europeu.

2.3 - O CICLO MINERADOR
Por volta de 1640, Portugal estava em séria crise econômica. Os preços do açúcar haviam caído no mercado internacional devido à concorrência com o açúcar produzido pelos holandeses nas Antilhas. De 1661 desse em diante, para recuperar sua economia, Portugal decide explorar e controlar ainda mais o Brasil, além de estimular a procura de ouro no Brasil. Até que, por volta de 1700, no final do século XVII, foi descoberto, pelos bandeirantes paulistas, ouro nos ribeiros das terras (ouro de aluvião, na beira de rios) que pertenciam à capitania de São Paulo e mais tarde ficaram conhecidas como Minas Gerais. Mais tarde, em Goiás e no Mato Grosso, no século XVIII, também foi descoberto ouro
No final da década de 1720, diamante e outras pedras preciosas foram descobertas na mesma região. A Coroa cobrava, como tributo, um quinto de todo o minério extraído, o que passou a ser conhecido como "o quinto".
Os desvios e o tráfico de ouro, no entanto, eram frequentes. Para evitar isso, a Coroa instituiu toda uma burocracia e mecanimos de controle, tais como:
 Intendência das Minas – órgão encarregado de distribuir terras para a exploração do ouro; cobrar tributos (um desses tributos era o quinto, isto é, ficava com a Coroa um quinto de todo o metal que fosse extraído pelos mineradores); fiscalizar o trabalho dos mineradores.
 Casas de Fundição – o governo português proibiu a circulação do ouro em pó. Todo o ouro extraído deveria ser mandado para essas Casas, a fim de ser derretido, tirado o quinto para a Coroa e o restante ser transformado em barras com um selo que comprovava o pagamento do tributo.

 Intendência dos Diamantes – na região de Tijuco, Minas Gerais, os mineradores encontraram uma grande quantidade de diamantes. O governo português sentiu grande dificuldade de controlar a cobrança de impostos sobre a extração de diamantes, pois muitas pedras eram escondidas e desviadas pelos mineradores. Por isso, Portugal criou a Intendência dos Diamantes para fiscalizar a exploração de diamantes e cobrar os impostos na região. Podia confiscar os bens das pessoas, autorizar a entrada ou saída dessas, retirar os direitos de exploração,... O distrito diamantino tornou-se uma espécie de ilha isolada do mundo, onde quem mandava eram as autoridades portuguesas.
Quando a soma de impostos pagos não atingia uma cota mínima estabelecida, os colonos deveriam entregar jóias e bens pessoais até completar o valor estipulado: era a édpoca da derrama.

A DECADÊNCIA DO CICLO DO OURO
Na segunda metade do século XVIII, a mineração entra em decadência com a paralisação das descobertas. Por serem de aluvião, o ouro e diamantes descobertos eram facilmente extraídos, o que levou a uma exploração constante, fazendo com que as jazidas se esgotassem rapidamente. Esse esgotamento deve-se fundamentalmente ao desconhecimento técnico dos mineradores, já que enquanto a extração foi feita apenas nos veios (leitos dos rios), nos tabuleiros (margens) e nas grupiaras (encostas mais profundas) a técnica, apesar de rudimentar, foi suficiente para o sucesso do empreendimento. Numa quarta etapa porém, quando a extração atinge as rochas matrizes, formadas por um minério extremamente duro (quartzo itabirito), as escavações não conseguem prosseguir, iniciando o declínio da economia mineradora. Como as outras atividades estavam ligadas ao ouro e ao diamante (por exemplo, do Sul saíam gado, couro, sebo, charque e outros produtos, todos para serem vendidos na região mineradora).

AS CONSEQUÊNCIAS DA MINERAÇÃO
 Expansão territorial e aumento populacional, devido à vinda de grande número de portugueses para o Brasil e ao deslocamento da população colonial para a região mineradora, todos em busca de riquezas;
 deslocamento do centro econômico do Nordeste açucareiro para a região mineradora do Sudeste. Isto é, esta última passa a ser a região de maior importância em termos econômicos;
 mudança da capital da Colônia: de Salvador para o Rio de Janeiro (1763), a fim de controlar a saída de ouro das minas e o comércio de produtos importados para a região mineradora;
 revoltas contra a metrópole portuguesa, devido à intensa exploração que os colonos sofriam (altos e variados impostos), principalmente da região mineradora. Ex. Revolta de Vila Rica, Inconfidência Mineira,...
 desenvolvimento do capitalismo inglês graças ao pagamento das dívidas de Portugal para com a Inglaterra. Portugal exportava vinhos e produtos agrícolas para os ingleses, mas importava as caras manufaturas ingleses, endividando-se cada vez mais. E Portugal pagava suas dívidas para a Inglaterra com o ouro brasileiro (Tratado de Methuen – 1703);
 urbanização (crescimento das cidades), maior mobilidade social (as pessoas tinham mais condições de ficarem ricas se encontrassem ouro ou pedras preciosas ou se trabalhassem em variadas atividades em troca de pagamento em ouro) e maiores condições dos escravos libertarem-se (podiam comprar sua liberdade se juntassem alguma quantidade de ouro);
 poucos mineradores e funcionários de alto escalão da Metrópole lucraram com a mineração. Foram os comerciantes que mais lucraram na época;
 surgimento de um mercado interno, graças às trocas comerciais entre a região mineradora e as outras regiões da Colônia. Ex.; do Sul saíam gado, couro, sebo, charque e outros produtos, que eram enviados à região mineradora para serem vendidos.

COMPARANDO AS SOCIEDADES AÇUCAREIRA E MINERADORA

SOCIEDADE AÇUCAREIRA
Exigia mais mão-de-obra escrava.
Era necessário mais dinheiro para montar uma empresa açucareira.
Uma sociedade mais rural.
Menor possibilidade de o escravo conseguir sua liberdade.
Poucos grupos sociais (senhor de engenho, dependentes e escravos).
Pouca importação ou compra de produtos de outras regiões da colônia.

SOCIEDADE MINERADORA
Exigia menos mão-de-obra escrava.
Era necessário menos dinheiro para dedicar-se à extração de ouro e pedras preciosas.
Uma sociedade mais urbana
Maior possibilidade de o escravo conseguir sua liberdade.
Muitos grupos sociais (mineradores, autoridades da metrópole, tropeiros, soldados, comerciantes, profissionais liberais, clero, escravos,...).
Muita importação e compra de produtos de outras regiões da colônia.



2.4 - O TRABALHO ESCRAVO
Nas fazendas de cana ou nas minas de ouro (a partir do século XVIII), os escravos eram tratados da pior forma possível. Trabalhavam muito, de quatorze a dezesseis horas, o que se tornou o principal motivo dos escravos fugirem; outro motivo eram os castigos e o outro era porque recebiam apenas trapos de roupa e uma alimentação de péssima qualidade (recebiam pouca comida e no máximo duas vezes por dia). Passavam as noites nas senzalas (galpões escuros, úmidos e com pouca higiene) acorrentados para evitar fugas. As condições de vida dos escravizados na região mineira eram particularmente difíceis. Eles trabalhavam o dia inteiro em pé, com as costas curvadas e com as pernas mergulhadas na água. Ou então em túneis cavados nos morros, onde era comum ocorrerem desabamentos e mortes.
Eram constantemente castigados fisicamente (quando um escravo se distraía no trabalho ou por outros motivos, eram amarrados em um tronco de árvore e açoitados, as vezes, até perderem os sentidos); torturando-os fisicamente e psicologicamente, os senhores e seus algozes buscavam destruir os valores do negro e forçá-lo a aceitar a idéia da superioridade da raça branca sendo que o açoite era a punição mais comum no Brasil Colônia. Além de todos esses castigos havia uma máscara que impedia os escravos de beberem e fumarem deixando os vícios ("máscara de folha de flandres").

3.5 - A EXPANSÃO TERRITORIAL NA COLÔNIA

 Entradas: expedições de caráter oficial, da Metrópole. Tinham como objetivos reconhecer o território e procurar metais preciosos. Partiam normalmente de Salvador, então capital da Colônia;
 Bandeiras: expedições particulares que partiam de São Vicente. Tinham como objetivos a captura de indígenas e busca de metais preciosos (bandeirismos apresador e prospector, respectivamente);
 Sertanismo de contrato: grupos contratados por particulares ou autoridades para lutarem contra índios e negros fugitivos;

 Monções: expedições particulares pelos rios interioranos. Objetivo: abastecimento do interior, principalmente nas regiões das minas;
 Estâncias criadoras de gado. Contribuíram para o povoamento do Nordeste e Sul da Colônia;
 Jesuítas: através das “missões” (também chamadas de “reduções”), contribuíram principalmente para o povoamento da região ao longo do rio Amazonas e noroeste do atual Rio Grande do Sul;


 Quilombos: refúgio de escravos fugitivos, principalmente, existentes em todo o Brasil;
 Mineração: a partir de cerca de 1650. Contribuíram para o povoamento de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso;
 Expedições oficiais militares, com a construção dos fortes Filipéia de Nossa Senhora das Neves (1584-atual João Pessoa), dos Reis Magos (1597-atual Natal), do Presépio (1616-atual Belém) e Fortaleza de São Pedro (1613-atual Fortaleza);



TEXTO ADICIONAL – SER ESCRAVO NO BRASIL COLÔNIA

No Brasil, a escravidão teve início com a produção de açúcar na primeira metade do século XVI. Os portugueses traziam os negros africanos de suas colônias na África para utilizar como mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar do Nordeste. Os comerciantes de escravos portugueses vendiam os africanos como se fossem mercadorias aqui no Brasil. Os mais saudáveis chegavam a valer o dobro daqueles mais fracos ou velhos. O transporte era feito da África para o Brasil nos porões dos navios negreiros. Amontoados, em condições desumanas, muitos morriam antes de chegar ao Brasil, sendo que os corpos eram lançados ao mar.
Nas fazendas de açúcar ou nas minas de ouro (a partir do século XVIII), os escravos eram tratados da pior forma possível. Trabalhavam muito (de sol a sol), recebendo apenas trapos de roupa e uma alimentação de péssima qualidade. Passavam as noites nas senzalas (galpões escuros, úmidos e com pouca higiene), acorrentados para evitar fugas. Eram constantemente castigados fisicamente, sendo que o açoite era a punição mais comum no Brasil Colônia. Eram proibidos de praticar sua religião de origem africana ou de realizar suas festas e rituais africanos. Tinham que seguir a religião católica, imposta pelos senhores de engenho, adotar a língua portuguesa na comunicação. Mesmo com todas as imposições e restrições, não deixaram a cultura africana se apagar. Escondidos, realizavam seus rituais, praticavam suas festas, mantiveram suas representações artísticas e até desenvolveram uma forma de luta: a capoeira.
As mulheres negras também sofreram muito com a escravidão, embora os senhores de engenho utilizassem esta mão-de-obra, principalmente, para trabalhos domésticos. Cozinheiras, arrumadeiras e até mesmo amas de leite foram comuns naqueles tempos da colônia. No “Século do Ouro” (XVIII) alguns escravos conseguiam comprar sua liberdade após adquirirem a carta de alforria. Juntando alguns "trocados" durante toda a vida, conseguiam tornarem-se livres. Porém, as poucas oportunidades e o preconceito das sociedades acabavam fechando as portas para estas pessoas.

O negro também reagiu à escravidão, buscando uma vida digna. Foram comuns as revoltas nas fazendas em que grupos de escravos fugiam, formando nas florestas os famosos quilombos. Estes eram comunidades bem organizadas, onde os integrantes viviam em liberdade, através de uma organização comunitária aos moldes do que existia na África. Nos quilombos, podiam praticar sua cultura, falar sua língua e exercer seus rituais religiosos. O mais famoso foi o Quilombo de Palmares, comandado por Zumbi.



BIBLIOGRAFIA

Texto

CAMPOS, Flávio de. A Escrita da História. Vol. 1. São Paulo: Escala Educacional, 2010.
FARIA, Ricardo de Moura. Estudos de História. Vol. 1. São Paulo: FTD, 2010.
VAINFAS, Ronaldo. História. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2010.
www.historiadobrasil.net/descobrimento
www.suapesquisa.com/pesquisa/invasaoholandesa
ricafonte.com/historia/textos/Historia_Brasil/Colonia/Brasil
wikipedia.org/wiki/Descoberta_do_Brasil
educaterra.terra.com.br/voltaire/500br/br_ouro

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Powerpoint: Incas, Maias e Astecas

Incas, Maias e Astecas

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Powerpoint: Brasil - O Negócio do Açúcar

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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Texto: Povos Pré-colombianos: Incas, Maias e Astecas

INCAS, MAIAS E ASTECAS

INTRODUÇÃO

A grande aventura do ser humano na direção da ocupação do planeta começou há mais ou menos um milhão de anos, quando, movidos pela necessidade de espaço e de alimentos, alguns membros que viveram na época do Paleolítico deixaram o lugar em que viviam e partiram para o desconhecido.
Atualmente, existem duas teorias que tentam explicar a chegada do homem ao continente americano: a Teoria Transoceânica e a Teoria de BehringBering. De acordo com a Teoria de BehringBering, com o passar dos anos, grandes alterações de clima, como períodos de grande resfriamento da Terra, resultaram na formação de verdadeiras “pontes de gelo” entre os continentes. E foi por meio de uma dessas pontes, que se formou no Estreito de BehringBering (entre a Rússia e o Alasca) que os primeiros hominídeos chegaram no solo americano. A chegada do homem ao continente americano teria ocorrido há aproximadamente cinquenta mil anos.
Segundo a Teoria Transoceânica, há cerca de dez mil anos os homens que habitavam a Polinésia (na região da Oceania) se locomoveram em direção à América do Sul em pequenos barcos. Esses teriam se movido por meio das correntes marítimas que os conduziram, até chegarem à atual América.
Antes da chegada dos europeus a partir do século XV, calcula-se que havia na América cerca de oitenta e oito milhões de habitantes, divididos em pelo menos três mil nações indígenas. Muitas nações eram aparentadas, outras tinham características bem diferentes. Alguns povos, na verdade a maioria,maioria, eram seminômades, vivendo da caça, da pesca, da coleta e de uma agricultura muito simples, baseada no cultivo da mandioca e do milho. Outros povos já eram muito avançados, alcançando o estágio de civilização (como os maias, os incas e os astecas). Vejamos como viviam estes últimos, os povos pré-colombianos.pré-colombianos.



1. MAIAS
Vindos da América do Norte ,Norte, após décadas vagando pela América Central, os mais estabeleceram-sese estabeleceram no Yucatán e áreas próximas, por volta de 900 a . C. C.
Plantavam algodão, tomate, feijão, batata, cacau e milho. Fabricavam tecidos de algodão e outras fibras, objetos de cerâmica e pedras preciosas,..., além de estabelecer um comércio com os povos vizinhos. Cada cidade maia era como se fosse um “minipaís”, isto é, um cidade-Estado com seu próprio governo, suas próprias leis,... Os camponeses e artesãos pagavam impostos em produtos para uma monarquia hereditária e cujo poder era baseado na origem divina (os deuses davam poder aos reis). Localizavam-se na península de Iucatã, América Central. Sua religião era politeísta, com deuses ligados às forças da natureza.
Quando os espanhóis chegaram à América, essa civilização já estava em decadência. As terras pouco férteis da região obrigavam os maias a realizar um rodízio, que geralmente mantinha a terra boa durante oito a dez anos. Após esse período era necessário procurar novas terras, cada vez mais distantes das aldeias e cidades. O esgotamento das terras, as distâncias cada vez maiores entre elas e as cidades e o aumento da população impuseram à civilização maia uma dura realidade. A fome foi um dos fatores que a levaram à decadência. Além disso, as lutas internas, as catástrofes naturais (terremotos, epidemias, etc.), as guerras externas e principalmente, o declínio da agricultura levaram a sociedade maia à decadência. Assim, quando os europeus chegaram à região, em 1559, os sinais de enfraquecimento dos maias eram evidentes, tornando a conquista mais fácil. E, em 1697, a última cidade maia – Tayasal - é conquistada e destruída pelos colonizadores.


2. ASTECAS
O imperador do Império Asteca comandava vários povos que foram dominados pelos astecas e deviam-lhe impostos. Sua capital, Tenochtitlám, tinha templos, palácios, ruas bem traçadas, mercados, praças e monumentos artísticos (ver figura logo abaixo). Plantavam milho, tabaco, feijão, pimenta, tomate, baunilha, algodão, abóbora, melão,... , em jardins flutuantes (espécies de ilhas artificiais construídas no Lago Texcoco). Essas ilhas eram chamadas de chinampas (ver as duas figuras paralelas).
Todas as terras eram do Estado (governo). Havia um intenso comércio, onde as trocas eram feitas de produto por produto (não usavam moeda). As pedras preciosas (jade, turquesa,...) valiam mais que o ouro e também usavam sementes de cacau como moeda. Produziam tecidos de fibras vegetais e outros instrumentos de cobre, joóias, cerâmicas,... Sacerdotes, comerciantes, nobres e chefes guerreiros eram as camadas mais favorecidas da sociedade.
Os camponeses e artesãos pagavam pesados tributos (impostos), em produtos, ao Estado. Havia também escravos (prisioneiros de guerra, criminosos ou quem não podia pagar suas dívidas). O Estado era comandado também por uma monarquia hereditária e cujo poder era baseado na origem divina (os deuses davam poder ao rei). Sua religião era politeísta e havia sacrifícios humanos aos deuses ligados às forças da natureza. Localizavam-se no México.



3. INCAS

Os Incas plantavam batata-doce, tomate, goiaba, abacate, amendoim, ananás (espécie de abacaxi) e milho. Construíram canais de irrigação, tanques e terraços (“degraus”) nas montanhas para o plantio. Domesticaram o lhama, o guanaco, a vicunha e a alpaca, que serviam para o transporte e fornecimento de carne, lã e couro. O comércio era feito na base da troca de produto por produto. As terras pertenciam ao Estado e em cada “ayllu” (comunidade) eram divididas em: propriedades do Inca (imperador), dos sacerdotes e da própria comunidade local.
Os camponeses eram obrigados a trabalhar primeiro nas terras do Inca e dos sacerdotes, além de construírem obras públicas e trabalhar na mineração. Esse tipo de trabalho era chamado de “mita”. Os grupos mais privilegiados eram os funcionários do Estado, os chefes guerreiros, os sacerdotes e os “curacas” (o chefe local dos “ayllus”). O povo era governado por uma monarquia hereditária e de origem divina. Sua religião era politeísta e ligada às forças da natureza (deus do trovão, do arco-íris, dos planetas,...). Localizavam-se no Peru, ao longo da Cordilheira dos Andes.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Texto: Grandes Navegações e a Conquista da América

AS GRANDES NAVEGAÇÕES

INTRODUÇÃO

No século XV (1401-1500), a Europa passava por grandes transformações nos modos de viver e pensar de seus habitantes. Essas transformações foram tão marcantes que os próprios europeus daquele tempo consideravam que estavam vivendo em uma nova era: a Época Moderna. Que transformações eram essas e que novidades traziam? Após séculos de insegurança, provocada principalmente por guerras, revoltas sociais e invasões bárbaras, que haviam devastado a Europa, os europeus podiam deixar os castelos fortificados sem medo de serem feridos e mortos.


Com o final das guerras, também diminuíam os problemas da fome e das epidemias, a produção agrícola crescia e, com ela, a população europeia o comércio com o oriente, dominado pelos italianos e também pelos árabes, trazia lucros enormes. Moedas de ouro e prata circulavam pelo mar Mediterrâneo. Os europeus entravam na chamada Idade Moderna. Porém, o comércio ainda estava limitado aos mares Mediterrâneo, do Norte e Báltico.


A EXPANSÃO MARÍTIMA EUROPEIA - RUMO AO DESCONHECIDO
Há muitos séculos o oceano Atlântico atraía a curiosidade dos navegantes europeus mais ambiciosos. Mas as poucas expedições que se aventuraram mar adentro nunca mais volta¬ram. Essas tentativas malogradas criaram na imaginação popular as mais fervilhantes fantasias acerca do oceano desconhecido: monstros marinhos, águas ferventes e pedras-ímã, que puxavam as embarcações para o fundo, na altura do Equador. Por volta do ano 1400 não se conhecia o real formato da Terra. Era senso comum considerá-la plana como uma mesa, terminando em abismos sem fim.

Mas, por que, então, os europeus lançaram-se rumo a lugares completamente desconhecido por eles? Vejamos as motivações dessa incrível jornada:

• a partir do final do século XIV (por volta de 1400), houve o crescimento populacional da Europa, criando a necessidade de mais alimentos e matérias-primas para que os produtos pudessem ser fabricados;

• havia a necessidade dos outros países europeus de encontrar outro caminho para chegar ao Oriente. Isso porque o controle comercial de especiarias e artigos de luxo do Oriente que estava nas mãos dos árabes e italianos, como já vimos no trimestre anterior. Os árabes traziam do Oriente muitas especiarias e artigos de luxo, revendiam para os italianos, que revendiam para o resto da Europa por preços muito mais caros.

• também havia a falta de ouro e prata na Europa, que eram importantes para a fabricação de moedas.

• a nobreza conseguiria, com apoio dos Estados absolutistas, novas terras, além de postos militares ou do governo nas regiões conquistadas;


• a Igreja Católica tinha o desejo de combater os “infiéis” de outras religiões, (como os muçulmanos), além de conseguir novos fiéis, nos outros continentes, através da catequização (lembra-te: era a época da Contrarreforma);

• o Estado absolutista aumentaria seus poderes político e econômico, dominando e explorando novos territórios fora da Europa. Por isso financiou grande parte viagens marítimas;

• o grupo dos mercadores, isto é, a burguesia, desejava aumentar ainda mais seu comércio através da conquista de outros territórios. Por isso, também vai financiar uma parte das expedições marítimas, junto com os banqueiros (donos de bancos na Europa) e os reis absolutistas;

• os reis absolutistas queriam se livrar dos grupos “indesejados” em seus países: pessoas de outras religiões, pobres, ladrões, prostitutas, mendigos,...;

• a ciência renascentista e o contato comercial com os árabes também impulsionaram as grandes navegações, através de novas invenções e do desenvolvimento de técnicas e instrumentos já existentes: caravela, bússola, astrolábio, cartografia, canhão de bordo, imprensa,...;

• os inimigos dos cristãos, os turcos (de religião muçulmana), conquistam a cidade de Constantinopla em 1453, bloqueando grande parte do comércio europeu pelo mar Mediterrâneo (ver figura ao lado). Isso também contribuiu para que os países europeus tentassem encontrar uma nova rota de comércio com o Oriente (aliás, esse ano marca o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna);

• graças ao Renascimento e à Reforma Protestante, surge um “novo homem”, menos temeroso da natureza, mais confiante em si e mais desejoso de riqueza. A mudança de um pensamento teocêntrico para um pensamento antropocêntrico, além das novas invenções náuticas, também ajudaram os europeus a enfrentar o “Mar Tenebroso”, como era conhecido o Oceano Atlântico até então.


OS PRIMEIROS PAÍSES A PARTIREM
RUMO AO OCEANO ATLÂNTICO

Os primeiros países e enfrentarem as águas do Atlântico foram: Portugal (primeiro Estado absolutista europeu, com a Dinastia de Avis, em 1385) e Espanha (unificado politicamente em 1492, com o casamento de Fernando, do reino de Aragão, com a rainha Isabel, do reino de Castela).



PORTUGAL FOI O PRIMEIRO PAÍS A PARTIR PARA
AS GRANDES NAVEGAÇÕES. ISTO PORQUE:

• foi o primeiro país da Europa a se unificar em torno de um rei absolutista, durante a dinastia de Avis. Esse governo irá financiar as grandes navegações, junto com a burguesia;
• no século XV, Portugal era um país onde não existiam guerras. Isso possibilitou ao governo português ter dinheiro para investir nas grandes navegações;
• Portugal pôde lançar-se às grandes navegações por ser banhado em toda a sua costa oeste pelo oceano Atlântico;
• havia o incentivo aos estudos e pesquisas de navegação, pelo Estado absolutista português, através da “escola de Sagres” (que, na verdade, não foi uma escola no moderno conceito da palavra, mas um local de reunião de navegadores e cientistas onde, aproveitando a ciência dos doutores e a prática de hábeis marinheiros, se desenvolveram novos métodos de navegar, desenharam cartas e adaptaram navios);
• havia, por fim, a grande experiência portuguesa na navegação e a existência de uma burguesia comercial. Com dinheiro, portanto, para investir, junto com o Estado absolutista, nas grandes navegações.


AS ROTAS MARÍTIMAS DE PORTUGAL E ESPANHA


Enquanto os portugueses procuravam uma nova rota para o Oriente, contornando a África, os espanhóis chegavam a um novo continente, a América. Este novo continente foi conquistado por Cristóvão Colombo em 1492, a serviço da Espanha, que seguiu uma estratégia diferente dos portugueses: Colombo seguiu em linha reta rumo a Oeste, pensando em dar a volta ao mundo para chegar ao Oriente.


NAVEGAÇÕES PORTUGUESAS

1415 – conquista da cidade de Ceuta, no norte da África,
1419 – expedição portuguesa chega à ilha da Madeira.
1431 – reconhecimento do arquipélago dos Açores.
1434 – Gil Eanes ultrapassa o Cabo Bojador.
1482 – Diogo Cão chega ao Zaire.
1488 – Bartolomeu Dias atinge o Cabo sul-africano (depois denominado cabo da Boa Esperança).
1498 – Vasco da Gama atinge a cidade de Calicute, nas Índias. Portugal alcança o objetivo perseguido durante um século.
1500 – Pedro Álvares Cabral, em viagem para as Índias, atinge o Brasil.


NAVEGAÇÕES ESPANHOLAS

1500 – Vicente Pinzón chega até a foz do rio Amazonas, chamando-o de mar Doce.
1513 – Vasco Nunes de Balboa atinge o oceano Pacífico.
1519 – Fernando de Magalhães inicia a primeira viagem de circunavegação através do mundo, terminada em 1521.


OS MEIOS UTILIZADOS PELOS EUROPEUS PARA
A CONQUISTA OS POVOS PRÉ-COLOMBIANOS


 Uso da pólvora (armas de fogo, incluindo canhões). As armas, além de matarem com mais facilidade que as armas indígenas, provocavam grande impacto psicológico, devido ao barulho provocado, entre os nativos, pelos disparos.
 Uso do cavalo, proporcionando ao conquistador grande mobilidade na hora dos ataques e deslocamento.
 Uso do aço: com as armas de aço (espadas, lanças, facas, escudos, armaduras,...), os conquistadores facilmente podiam atacar e se defender dos nativos, que apenas tinham arcos, flechas, pedras, machados e lanças (ver figuras abaixo);
 O conquistador também foi ajudado pelas diversas doenças infecciosas que trouxeram da Europa (sarampo, tifo, varíola, malária, gripe,...), contra as quais os indígenas não tinham como sobreviver por não terem adquirido anticorpos.
 Uso da religião católica, pois os nativos ficavam mais “dóceis”, obedientes. Já que a Igreja pregava a não violência dos nativos, ficava mais fácil o homem branco dominá-los.
 Alguns povos acreditaram que os europeus eram divindades e aceitaram sua penetração do meio de seu povo por isso. Isso facilitou a exploração de tais povos pelos europeus.
 Os europeus estimulavam a luta entre tribos rivais para que essas destruíssem umas às outras.


CONSEQUÊNCIAS DA EXPANSÃO MARÍTIMA PARA A EUROPA

 montagem do Pacto Colonial, isto é, a exploração das metrópoles (países europeus) sobre suas colônias (territórios conquistados). Ex.: Portugal explorava o Brasil. Pacto ou Sistema Colonial – as colônias só poderiam comprar e vender para a metrópole, fornecendo matérias-primas e produtos agrícolas tropicais a preços baixos e comprando das metrópoles produtos fabricados a preços mais elevados. Não poderia haver competição entre a colônia e a metrópole;

 o comércio diminuiu bastante no Mediterrâneo, sendo que o oceano Atlântico torna-se o lugar onde circulam cada vez mais navios transportando mercadorias;

 fortalecimento dos Estados absolutistas e da burguesia mercantil;

 divulgação da religião cristã nos demais continentes: América, Ásia e África;

 disputa pelo domínio do mundo entre Portugal e Espanha: a Bula Intercoetera (1493), assinada entre os dois países, dividiu o mundo em um meridiano que passava a cem léguas do arquipélago de Cabo Verde; depois, o “Tratado de Tordesilhas” (1494) passa a dividir o mundo a partir de um meridiano traçado a trezentos e setenta léguas de Cabo Verde (ver figura abaixo).

 melhoria da tecnologia ligada às navegações (novos navios, armas, aparelhos de navegação,...), ampliação dos conhecimentos geográficos (novos mapas) e conhecimento de novos elementos da fauna e flora de locais fora da Europa.

CONSEQUÊNCIAS DA EXPANSÃO MARÍTIMA PARA
OS POVOS CONQUISTADOS
 Morte e destruição dos povos através do uso da pólvora, de cavalos, da escravidão, do emprego do aço, das doenças trazidas pelos brancos europeus e da desorganização do modo de vida nativo.
 Descaracterização cultural devido ao contato com novos costumes e à ação dos religiosos.
 Apropriação e devastação contínua da flora e fauna da América.

TEXTO ADICIONAL: O COTIDIANO DOS VALENTES MARINHEIROS...

Feito o abastecimento, a embarcação saía navegando pelo rio Tejo para logo atingir as águas do “Mar Oceano”, termo que na época designava o Oceano Atlântico. Pouco antes da partida, em meio ao choro dos parentes que temiam nunca mais ver seus entes queridos, uma missa era realizada em favor da tripulação. Para indenizar os que assumiam tão arriscada aventura, o governo português oferecia uma recompensa financeira à sua família equivalente a um ano de trabalho.
Durante a viagem, um oficial ficava postado em uma cadeira alta fixada na proa ou na popa da embarcação. Dali ele teria que contrapor as informações de seus mapas com a cor da águas, que variava de acordo com a profundidade do oceano. Após uma análise, uma série de ordens era repassada ao timoneiro. Logo em seguida, no convés da embarcação, o mestre designava as tarefas a serem rapidamente executadas pela sua equipe de marinheiros. Longe daquilo que se imagina, o capitão do navio era a pessoa que menos entendia das técnicas e expedientes que matinha o navio seguindo o seu roteiro de forma estável. Na maioria dos casos, ele era um nobre que representava a autoridade do rei na embarcação. Dessa forma, o capitão era quem exercia a função estritamente política de intermediar os conflitos entre os tripulantes e dar a palavra final sobre algum problema ou decisão a ser tomada.
Passada toda a agitação que cercava o cotidiano do navio diurnamente, os tripulantes se recolhiam à noite para buscar algum descanso no porão do navio. Nesse momento, marujos, soldados, cargas e animais se misturavam na insalubridade de um lugar nada confortável. Essa agonia só não era reservada aos que ocupavam altos cargos na embarcação. O capitão e os oficiais militares de alta patente costumavam se alojar em camarotes privados onde também poderiam levar os membros de sua família. Uma alimentação farta e saudável era praticamente impossível nesses mesmos ambientes. Não tendo espaço para estocar comida e água suficientes, os tripulantes passavam por sérias privações.
A ração diária fornecida aos tripulantes comuns não passava de três refeições compostas por biscoito, e duas pequenas doses de água e vinho. Somente os mais privilegiados tinham a possibilidade de usufruir de carnes, açúcar, cebolas, mel, farinha e das frutas que eram transportadas. Em situações mais extremas, os tripulantes poderiam comer alimentos crus mediante a falta de um fogareiro que pudesse preparar a refeição. Quando a fome apertava de vez, a ingestão de alimentos podres, insetos (baratas e ratos) e cadáveres humanos também apareciam como uma última alternativa. A forte tensão causada pela constante falta de alimento poderia até mesmo colocar a vida do capitão em risco, que sempre estava armado para não ser vítima de algum motim ou rebelião.
As munições eram muito bem guardadas e nenhum tripulante vulgar poderia se utilizar de armas sem a expressa autorização. O uso de armas só acontecia deliberadamente quando algum navio pirata atacava a embarcação. Caso contrário, seguia-se a dura rotina dessa aventura inglória em que se corria atrás das desejadas riquezas de outras terras e povos.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

RENASCIMENTO

RENASCIMENTO

RENASCIMENTO

O RENASCIMENTO

1. CONCEITO E ORIGEM.
O Renascimento surgiu na Itália, sendo caracterizado como um movimento de mudança na maneira de pensar e entender o ser humano e o mundo dos europeus. Espalhou-se pela Europa ocidental entre os séculos XIV e XVI, essa nova maneira de pensar baseou-se na cultura greco-romana e renovou a literatura, a arte e a ciência a partir da Baixa Idade Média.

2. REVISANDO: A MENTALIDADE DOS EUROPEUS ANTES DO RENASCIMENTO.
Era fortemente influenciada pela Igreja Católica: havia o teocentrismo (Deus é o centro do universo). Isto é, interpretação do homem e do mundo devia ser feita de acordo com o pensamento religioso.
4. POR QUE O RENASCIMENTO SURGIU NA ITÁLIA:
 graças à existência de muitos ricos (burgueses comerciantes, príncipes e até reis e papas), que patrocinaram os artistas. Estes patrocinadores foram chamados de mecenas. Lembrando: muitos burgueses, devido à reabertura do Mediterrâneo (graças às guerras das Cruzadas, lembra?) queriam se destacar na sociedade. E, por isso, apoiaram, principalmente, a arte renascentista;
 a Itália havia sido o centro do Império Romano e do Império Romano do Ocidente. Portanto, a cultura greco-romana estava muito presente em esculturas, pinturas, prédios,..., nas cidades italianas;
 muitos sábios, portadores da cultura grega e helênica, foram se instalando na Itália ao longo do tempo. Essa chegada de novos sábios foi intensificada pela tomada de Constantinopla, em 1453, pelos árabes turco-otomanos;
 a Itália praticava, há muito tempo, o comércio com os árabes. Portanto, muitos conhecimentos e inventos das civilizações muçulmana e do Oriente chegavam aos italianos, influenciando a arte e a ciência;
 o desenvolvimento da imprensa (Johann Gutenberg) também favoreceu o Renascimento, pois a divulgação dos novos conhecimentos ficou mais acessível às pessoas através da edição de livros pela tipografia (os livros, antes, eram todos escritos à mão e eram muito caros).

3. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO RENASCIMENTO:
 humanismo – retomada do estudo da língua e da literatura da Grécia e Roma antigas;
 antropocentrismo – o homem é o centro do Universo, ao contrário do teocentrismo;
 racionalismo – a interpretação do ser humano e do mundo através da razão;
 naturalismo – valorização da natureza. Portanto, a realidade deveria ser retratada como o máximo de perfeição nas artes;
 individualismo - o indivíduo passa a ser mais importante do que a coletividade (lembre-se: o comércio crescia cada vez mais e, consequentemente, os lucros da burguesia também. Isto favorecia a competição entre os homens, portanto o individualismo crescia também);
 nacionalismo – exaltação daquilo que pertence à nação, ao país (a língua, a cultura,...). Por isso, muitos reis também irão apoiar o Renascimento.

4. COMO O PENSAMENTO RENASCENTISTA FOI DEMONSTRADO NA ARTE (PINTURA E ESCULTURA):
 destaque para o corpo humano na escultura e na pintura, devido aos estudos de anatomia;
 uso da técnica de perspectiva, do efeito claro-escuro e das sombras;
 exploração de outros temas, inspirados na mitologia clássica, nas cenas do cotidiano;
 pintura também de retratos, bustos e estátuas de personalidades da época ou mesmo de burgueses que encomendavam as obras;
 assinatura do artista em suas obras, abandonando a humildade e o anonimato medieval, ao mesmo tempo em que buscava destaque na sociedade individualista e competitiva que surgia na Baixa Idade Média.

5. QUAIS FORAM AS MUDANÇAS QUE O RENASCIMENTO PROVOCOU NA CIÊNCIA?
O Renascimento provocou um grande impulso no estudo do homem e da natureza. O universo passou a não mais ser aceito como obra do sobrenatural. Assim, graças ao antropocentrismo e ao racionalismo, os cientistas desenvolveram cada vez mais o espírito de observação e de livre interpretação da natureza e do homem. O que levou, por sua vez, a novos métodos de pesquisa e experimentação.
O cientistas do Renascimento – Nicolau Copérnico: teoria heliocêntrica em oposição à teoria geocêntrica; Johann Kepler (enunciou várias leis da mecânica celeste); André Vessálio, Sylvius, Eustáquio e Falópio (dissecação de cadáveres para estudos de anatomia); Paracelso (criou a medicina química); Ambroise Paré (descobriu a laqueação das artérias, que substituiu a cauterização pelo ferro em brasa nas amputações); Guilherme Harvey (descobriu a grande circulação do sangue); Miguel Servet (descobriu a pequena circulação do sangue e a circulação pulmonar pelas artérias); Galileu Galilei (desenvolveu o telescópio, reafirma a teoria heliocêntrica de Copérnico); Francis Bacon (criação do método experimental).

PARA SABER UM POUCO MAIS: texto adicional
OS PRINCIPAIS ARTISTAS E ESCRITORES RENASCENTISTAS
Renascimento na Itália – Arte: Giotto; Leonardo da Vinci (Monalisa, Santa Ceia, Virgem dos rochedos, experimentos nas mais diversas áreas); Miguel Ângelo Buonarroti (David, Moisés, O escravo acorrentado, Pietá, Cúpula da Basílica de São Pedro, afrescos no teto da Capela Sistina, em Roma); Botticelli (Alegoria da Primavera, O nascimento de Vênus); Ticiano (retrato de Carlos V, Descida da Cruz; Tintoreto (Glória do Paraíso; Rafael Sanzio (Escola de Atenas e Madona Sistina, além de outras madonas e de retratos dos papas Júlio II e Leão X). Literatura - Dante Alighieri (Divina Comédia); Giovani Boccaccio (O Decameron); Gianozzo Maneti (Da dignidade e excelência do homem); Maquiavel (Comentário sobre os primeiros dez livros de Tito Lívio, A mandrágora, O Príncipe).
Renascimento na França - Literatura: François Rabelais (Fatos e Proezas do muito renomado Pantagruel, A Vida inestimável do grande Gargântua); Montaigne (Ensaios).
Renascimento nos Países Baixos – Arte: Jan Van Eyck (A Virgem e o Menino, com o irmão Hubert pintou o painel A adoração ao cordeiro); Pedro Paulo Rubens (Vênus e Adonis, Descida da Cruz, Casamento de Maria de Médicis); Hieronymus Bosch (O jardim das delícias); Pieter Brueghel (Casamento de Camponeses, Massacre dos inocentes, Cego guiando cegos). Literatura: Erasmo de Rotterdam (Elogio da Loucura).
Renascimento na Alemanha – Arte: Albert Dürer (Cristo Crucificado); Hans Holbein (Henrique VIII, Retrato de Erasmo);... Literatura: Hans Sachs (Rouxinol de Wittemberg).
Renascimento na Inglaterra – Literatura: Thomas Morus (Utopia); William Shakespeare (Sonho de Uma Noite de Verão, Romeu e Julieta, Otelo, Macbeth, Ricardo III, Henrique VIII, A Megera Domada, O Rei Lear).
Renascimento na Espanha – Arte: Domênico Theotocópuli “El Greco” (Crucificação, Enterro do Conde de Orgaz, São João Evangelista). Literatura: Miguel de Cervantes (Dom Quixote de La Mancha);...
Renascimento em Portugal – Literatura: Luís Vaz de Camões (Os Lusíadas) .
A REFORMA PROTESTANTE
1. CONCEITO E ORIGEM.
A Reforma foi um movimento religioso de protesto e ruptura (rompimento) com a Igreja Católica no século XVI, provocando a quebra da unidade do pensamento ocidental religioso e fazendo surgir novas religiões cristãs, como a Luterana, a Calvinista e a Anglicana. A Reforma surgiu na Alemanha, com Martinho Lutero, criador da religião luterana.

2. AS CAUSAS DA REFORMA:
 o clero católico estava muito ligado à vida material, deixando de lado o apoio espiritual aos seus fiéis, além de pouco preparado para a prática do sacerdócio;
 a corrupção e abusos praticados pela Igreja Católica (como a venda de indulgências – o perdão dos pecados -, de “relíquias sagradas” e de cargos eclesiásticos);
 os Papas estavam mais ligados às disputas de poder do que com as necessidades do povo, além de terem um comportamento que muitos criticavam (ex.: o Papa Sisto IV entregou diversos cargos a seus parentes e o Papa Alexandre VI teve amantes e filhos);
 o desenvolvimento da imprensa (Gutenberg) ajudou muito no surgimento da Reforma, pois permitiu que as Bíblias fossem editadas em maior número e até em outras línguas, e não mais em latim, língua que praticamente só o clero entendia;
 importante: grande parte da burguesia apoiou a Reforma, pois esta classe cada vez ganhava mais dinheiro com a expansão marítima e comercial no início dos tempos modernos. Porém, a exigência do “justo preço” e a condenação da usura (empréstimos), defendidas pela Igreja Católica, prejudicavam os lucros da burguesia;
 havia grande liberdade da Igreja frente ao poder político dos reis. Por outro lado, também havia a interferência do clero no poder de muitos reis. E, claro, isso não interessava aos reis. Por isso, alguns desses reis vão apoiar a Reforma (ex.: Henrique VIII, na Inglaterra);
 grande parte dos capitais (dinheiro) recolhidos pelo clero, em toda a Europa, era mandada para Roma. Isso também não interessava nem à burguesia, nem aos reis de alguns países;
 a Igreja não pagava impostos pelos vastos territórios que tinha na Europa. E os reis, parte da nobreza e até a burguesia “estavam de olho” nessas terras e nesses impostos;
 a mudança de pensamento provocada pelo Renascimento – como o antropocentrismo e o espírito crítico - ajudou no surgimento da Reforma também, pois fez com que muitas pessoas perdessem o medo de criticar as verdades da Igreja Católica.

3. COMO ERA A DOUTRINA CATÓLICA:
A Bíblia é a fonte da fé e deve ser interpretada somente pelos padres; a salvação ocorre pela fé e pelas boas obras; os sacramentos são sete (o batismo, a crisma, a eucaristia, o matrimônio, a penitência, a ordem e a extrema-unção); o ritual é a missa em latim. Locais de maior penetração da Igreja Católica: Portugal, Itália, sul da Alemanha, maioria da França, parte da Irlanda.

4. OS PRINCIPAIS REFORMADORES:
Martinho Lutero (Alemanha), João Calvino (Suíça) e Henrique VIII (Inglaterra).

MARTINHO LUTERO (1483-1546)
Em 1517, o papa Leão X lançou a venda de indulgências (o perdão dos pecados) para arrecadar dinheiro para a reconstrução da basílica de São Pedro, no Vaticano. Lutero, um monge agostiniano, escandalizou-se com essa salvação comprada a dinheiro. E fixou na porta da Igreja de Wittenberg um manifesto público – as 95 Teses – em protesto contra a venda de indulgências e onde também expunha os elementos de sua doutrina.
Em 1520, Lutero é excomungado pelo papa. Lutero queima em praça pública o documento que o condenava (a bula papal Exsurge Domine). Lutero foi apoiado por parte da nobreza, pela burguesia e por camponeses e artesãos urbanos. Lutero foi considerado herege pela Igreja Católico, mas, por contar com apoio da nobreza, não foi punido. Sob a proteção do príncipe da Saxônia, traduziu a Bíblia latina para o alemão, tornando-a o primeiro documento escrito em língua alemã moderna.
Mas é bom lembrar que Lutero também foi apoiado pela nobreza e pela alta burguesia porque condenou a revolta dos camponeses, em 1524. Estes, liderados por Thomas Münzer, organizaram uma série de revoltas contra sacerdotes ricos e nobres, donos de grandes propriedades de terras. Os camponeses queriam a posse das terras e o fim da exploração a que estavam submetidos. No final, morreram mais de mil camponeses e Münzer foi decapitado.
Um grupo de príncipes protestantes, em 1531, formou uma liga político-militar (Liga de Smalkalde) para lutar contra o imperador católico Carlos V. Até que, em 1555, esse imperador aceitou a existência oficial da Igreja Luterana, assinando com os protestantes a Paz de Augsburgo.
A doutrina luterana: a Bíblia é a fonte da fé, permitindo-se seu livre exame; salvação pela fé em Deus; os sacramentos são apenas o batismo e a eucaristia; o culto é simples e em língua alemã; fim da hierarquia católica (todos são pastores), do celibato e da adoração de santos; submissão da Igreja Luterana ao Estado. Locais de maior penetração: norte da Alemanha, Dinamarca, Noruega e Suécia.

JOÃO CALVINO (1509-1564)
Em 1534, as autoridades católicas francesas, começaram a perseguir os suspeitos de heresias. Calvino, que era francês, fugiu para a Suíça. Calvino, então, desenvolveu sua doutrina. Ele passou a defender a ideia de que o ser humano estava predestinado de modo absoluto a merecer o céu ou o inferno após a morte. Por culpa de Adão, todos os homens já nasciam pecadores. Mas Deus tinha eleito algumas pessoas para serem salvas, enquanto outras seriam condenadas à maldição eterna.
Mas como as pessoas saberiam estaria predestinadas à salvação de suas almas após a morte? Importante: Calvino afirmou que a fé existente em algumas pessoas e a prosperidade econômica (a riqueza material) seriam sinais de que elas pertenceriam ao grupo dos eleitos por Deus à salvação. Dessa maneira, Calvino criou uma religião que a burguesia aceitou muito bem, já que o lucro era justificado por essa nova religião: “quanto mais eu enriqueço, mais Deus está mostrando que minha alma será salva”.
É bom lembrar que o jogo, o culto a imagens, a dança, o adultério e a heresia eram atitudes condenadas pelo calvinismo. Muitos até foram condenados à morte, em fogueiras, por isso.
A doutrina calvinista: todos estão predestinados a terem suas almas salvas ou não; a Bíblia é a única fonte da fé, permitindo-se seu livre exame; a salvação ocorre pela fé e pela graça de Deus; os sacramentos são apenas o batismo e a eucaristia; o culto é simples e em língua nacional; fim da hierarquia católica (todos são pastores), do celibato e da adoração de santos; submissão da Igreja Calvinista ao Estado. Locais de maior penetração: Suíça, Holanda, parte da França (huguenotes), Inglaterra (puritanos), Escócia (presbiterianos).

HENRIQUE VIII (1509-1547)
Henrique VIII, rei da Inglaterra, rompeu com a Igreja Católica e fundou uma Igreja nacional da Inglaterra, isto é, a Igreja Anglicana. O rei inglês queria diminuir a influência política do Papa dentro da Inglaterra e a nobreza tinha interesse nas terras do clero católico, além dos fatores já citados anteriormente. A “gota d’água” para o rompimento com a Igreja Católica foi o fato de que o papa recusou-se a aceitar o pedido de divórcio feito por Henrique VIII em 1529, já que sua esposa, Catarina de Aragão, não lhe dava um filho homem para herdar o trono. O rei inglês queria se casar com Ana Bolena, mas o papa não aceitava sua separação. Além disso, Catarina era espanhola, e a Espanha era inimiga da Inglaterra.
Henrique VIII conseguiu que o alto clero inglês e o Parlamento reconhecessem a validade de suas intenções e obteve o divórcio. Em 1534, o Parlamento inglês votou um Ato de Supremacia, pelo qual considerava o rei o chefe supremo da Igreja nacional anglicana. Os ingleses passaram a ter que submeter-se a essa nova Igreja, caso contrário seriam excomungados e perseguidos pela justiça do rei.
A doutrina anglicana: a Bíblia é a fonte da fé, deve ser interpretada pela Igreja, mas se permite seu livre exame; a salvação ocorre pela fé e pela graça de Deus (predestinação); os sacramentos são o batismo e a eucaristia; o culto conserva a forma católica (liturgia), com a hierarquia da Igreja católica, mas a missa é rezada em língua inglesa; o rei é a autoridade máxima da Igreja Anglicana; a existência dos santos também não é aceita. Local de maior penetração: Inglaterra.

CONSEQUÊNCIAS DA REFORMA
Por causa da Reforma, ocorreu o enfraquecimento do poder político da Igreja católica; aumento do poder político dos reis; fortalecimento econômico da burguesia, principalmente graças ao calvinismo; conflitos entre católicos e protestantes; surgimento da Contrarreforma pela Igreja Católica.

5. A CONTRARREFORMA
A Igreja Católica não ficou quieta diante da Reforma Protestante. A fim de assegurar a unidade da doutrinada Igreja Católica e combater a Reforma, o papa Paulo III convoca o Concílio de Trento, que, após vários encontros das autoridades religiosas, entre 1545 e 1563, toma as seguintes medidas:
 reafirmação da infalibilidade do papa (o que o papa afirmar é verdade e não pode ser contestado);
 proibição da venda de indulgências e relíquias sagradas;
 criação de seminários para formação intelectual e religiosa do futuro clero;
 são mantidos o celibato clerical, além das obras e dos sete sacramentos, como fundamentais para salvação da alma;
 a reafirmação de que, no ato da eucaristia, ocorria a presença real de Cristo no pão e no vinho (o que era rejeitado pelos protestantes);
 a doutrina religiosa tem como fundamento a Bíblia, cabendo à Igreja Católica dar-lhe a interpretação correta;
 reativação da Inquisição pelo Tribunal do Santo Ofício, para julgar e punir as heresias a os partidários de outras religiões;
 criação de um índice de livros proibidos (Index Librorum Prohibitorum), pelo Tribunal do Santo Ofício, em 1564;
 criação da Companhia de Jesus, em 1534, por Inácio de Loyola Brandão, aprovada pelo Concílio. A Ordem dos jesuítas passa a divulgar a fé católica, através da catequese, no restante do mundo, principalmente na América. Inspirando-se na estrutura militar os jesuítas consideravam-se os “soldados” da Igreja, atuando através das escolas religiosas e da catequese para conseguir novos fiéis através da conversão ao catolicismo.

Estado Absolutista






2º TRIMESTRE – 2011
ENSINO FUNDAMENTAL – 6ª SÉRIE – POL. 2

O ESTADO ABSOLUTIST
Nome: _______________________________________ N°: ______     Turma: ______     Data: ____/____/____
Professor: Paulo Jardim
 
A

 





   
Introdução
     Como vimos, anchietano, na Idade Média, o poder dos reis era descentralizado e apenas nominal, limitado a seus próprios domínios feudais. Os reinos europeus estavam todos fragmentados, ficando os poderes nas mãos de senhores feudais. Mas, no final da Idade Média, o crescimento comercial e urbano, as mudanças nas relações de trabalho, a Guerra dos Cem Anos, a Peste Negra e o surgimento da burguesia levaram ao enfraquecimento do poder local dos senhores feudais e da Igreja Católica, o que acabou por beneficiar também os reis de cada região europeia. Iniciava-se, assim, a formação dos Estados Nacionais ou Estados absolutistas.

Definição
     O Estado absolutista foi um governo monárquico (dos reis), de caráter nacional (de um país inteiro) e absoluto. Os reis absolutistas passam a atender os interesses tanto da nobreza quanto da burguesia em ascensão.

Interesses de parte da nobreza feudal em apoiar o Estado Absolutista.
     Certamente, caro aluno, deves pensar que o rei combateu todos os senhores feudais. E que todos os senhores feudais colocaram-se, assim, contra os reis em cada região da Europa. Na verdade, muitos nobres colocaram-se a serviço do Estado absolutista porque perceberam que não havia como combatê-lo. Por outro lado, como o rei governaria sozinho? Ele precisava de ministros, secretários, juízes, cobradores de impostos, governadores,... Assim, seria muito útil contar com a ajuda desses nobres. Vejamos como foi essa “troca de favores”:
§         repressão às revoltas camponesas;
§         possibilidade de manter seu padrão de vida através do Estado, com terras além-mar, empregos públicos, isenção de impostos, pensões, títulos nobiliárquicos,...

Interesses da burguesia mercantil (ligada ao comércio) em apoiar o Estado Absolutista:
§         maior desenvolvimento da produção e do comércio interno e externo através do apoio do Estado (segurança nas estradas, construção de portos e vias de comércio, unificação do sistema de pesos e medidas, implantação de uma moeda única em cada país,...);
§         apoio às grandes navegações, já que os reis absolutistas, como recolhiam muitos impostos de toda a população, tinham dinheiro para construir navios, pagar marinheiros e mantimentos para as longas viagens,...;
§         combate às barreiras feudais (taxas, pedágios, servidão,...) e religiosas ao lucro;
§         participação na burocracia estatal, com empregos no governo.

Como o Estado Absolutista foi se fortalecendo:
Ø      uso da força a níveis interno e externo (repressão às classes pobres, guerra contra outras nações, combate aos exércitos feudais, perseguição a políticos contrários ao regime absolutista,...);
Ø      combate ao poder político e econômico da Igreja Católica;
Ø      utilização de teorias justificadoras do poder absolutista dos reis (ver abaixo);
Ø      apoio da burguesia e de parte da nobreza feudal em termos econômico, político e religioso.

As medidas que os reis absolutistas tomaram:
§         instituição do governo absoluto e soberano do rei;
§         definição de fronteiras nacionais, com a criação de limites territoriais, que darão origem aos países modernos;
§         o Estado (governo) se encarregou de unificar e centralizar as leis, os impostos, os exércitos, as diversas moedas, os sistemas de pesos e medidas;
§         implementação de uma língua nacional, para todos os habitantes dos países;
§         criação de uma força policial nacional e permanente (exército, marinha,...);
§         criação de uma burocracia (funcionários) a serviço do Estado;
§         forte intervencionismo na economia (política mercantilista).


As principais teorias que justificavam o poder dos reis absolutistas.
     Jacques Bossuet, contemporâneo de Luís XIV, foi um dos maiores defensores do absolutismo e, simultaneamente, do "direito divino dos reis". Em sua obra Política Segundo a Sagrada Escritura, afirmava que a Monarquia era a origem divina, cabendo aos homens aceitar todas as decisões reais. Quem questionasse as decisões dos reis seria não somente um inimigo público, mas também um inimigo de Deus.
     Thomas Hobbes proclamou que, em seu estado natural, a vida humana era "solitária, miserável, desprezível, bestial e breve". Assim, buscando escapar da guerra de todos contra todos, os homens uniram-se em torno de uma espécie de acordo - “contrato” - entre a sociedade e o Estado, a fim de trazer a paz e o progresso. Isto é, para alcançar essa paz, todos os homens deveriam passar a um soberano (rei) todos os direitos. Dessa forma, os reis os protegeriam contra a violência criada pelos próprios homens.

O PRIMEIRO ESTADO ABSOLUTISTA DA EUROPA: PORTUGAL

     Portugal está localizado na Península Ibérica no extremo oeste da Europa e é banhado pelo Oceano Atlântico. A Península Ibérica foi ocupada por vários povos desde 3000 a.C., como os iberos, celtas (séc. VIII e VI a.C.) fenícios, gregos, cartagineses e romanos (206 a.C.). Na Idade Média, chegaram os bárbaros visigodos (414) e finalmente os árabes muçulmanos (711) que, depois da conquista, se fixaram na região. Com a chegada dos árabes, parte dos povos que aí viviam se refugiaram ao norte da Península Ibérica, inicialmente no reino visigodo das Astúrias e, depois, organizando quatro outros reinos: Castela, Aragão, Navarra e Leão.
      Os árabes, embora pouco numerosos, impuseram facilmente o seu domínio porque distribuíam as terras dos visigodos que abandonaram a região pelos que se mantiveram aí. Foi uma época de grandes progressos com a introdução do cultivo de arroz, algodão, limão e laranja e de novos sistemas de irrigação. Incentivaram as manufaturas de azulejos e de tecidos, assim como a prática da pesca no Oceano Atlântico.
     Porém, os reinos do norte nunca aceitaram a presença dos árabes e, sobretudo com o crescimento demográfico, precisaram recuperar suas terras. Assim, os cristãos daquela região se dedicaram a reconquista dos seus territórios. Essa guerra assumiu características de Cruzada, isto é, de luta de cristão contra os mouros. Nesta Cruzada, os cristãos receberam a ajuda de nobres ingleses, franceses, alemães. 
     Henrique de Borgonha casou-se com Dona Teresa e recebeu um feudo chamado Condado Portucalense, ainda vassalo do Reino de Leão e Castela. Mas o filho deste casal, Afonso Henriques, continuou combatendo os mouros (árabes) e depois, de vencê-los, em 1139, tornou-se rei e separou-se de Leão e Castela, dando início a uma nova dinastia neste território: a de Borgonha. Nascia assim Portugal.
     Já no século XIV, Portugal enfrentou, como o restante da Europa, a crise do sistema feudal. Lembra-te disso? Muitos servos deixaram os seus feudos e foram para as cidades onde as condições da vida ainda eram muito ruins. Ao mesmo tempo Castela continuava combatendo os mouros e alguns nobres portugueses desejavam se engajar nesta luta para obter, assim, a possibilidade de ficar com suas terras ao sul da Espanha e no norte da África.
     Quando da morte de Dom Fernando (1367-1383) o último rei da dinastia Borgonha, o trono português passou para sua filha, que era casada com o rei de Castela, e a união dos dois reinos parecia decidida. Foi quando a burguesia, desejosa de ter um rei presente e atuante, aliada ao povo e parte da nobreza, expulsou estes governantes de Portugal e aclamou como rei o irmão bastardo de D. Fernando, D. João I, dando inicio a uma nova dinastia: a de Avis. Em agosto de 1385 as forças portuguesas venciam as de Castela na Batalha de Aljubarrota.
     A essa altura, a autoridade do rei já era forte, diferentemente do que acontecia no resto da Europa. Na direção do país, ele distribuiu terras, renovou a marinha, explorou minas e um manteve um exército permanentemente. Surgia o primeiro Estado absolutista da Europa.

O SEGUNDO ESTADO ABSOLUTISTA EUROPEU: ESPANHA
     A Península Ibérica, durante o século VIII, teve grande parte de seus territórios dominados pelos árabes que, inspirados pela Jihad muçulmana, empreenderam a conquista de diversas localidades do Oriente e do Ocidente. Na porção centro-sul, os árabes consolidaram a formação do Califado de Córdoba, enquanto a região norte ficou sob controle dos reinos cristãos de Leão, Castela, Navarra, Aragão e o Condado de Barcelona.  
     Por volta do século XI, esses reinos católicos resolveram formar exércitos que – inspirados pelo movimento cruzadista – teriam a missão de expulsar os “infiéis” muçulmanos daquela região. A partir de então, a chamada Guerra de Reconquista se alongou até o século XV. Com o desenvolvimento desses conflitos, os diferentes reinos participantes do combate conseguiram reduzir a presença dos muçulmanos e conquistar novas terras que enriqueceram tais governos.
     Durante essas guerras, os reinos ibéricos conseguiram a participação do francês Henrique de Borgonha, nobre que participou da guerra em troca do controle sob as terras do Condado Portucalense. Anos mais tarde, essa região deu origem à Monarquia Nacional Portuguesa. Já no século XV, o poder nos reinos católicos era garantido pelo reino de Castela, que controlava a grande maioria das terras da Península Ibérica nesse período.
      Em 1469, a presença muçulmana estava restrita ao reino mouro de Granada. Nesse mesmo ano, os territórios do Reino de Castela e Aragão foram unificados graças ao casamento entre os monarcas cristãos Isabel de Castela e Fernando de Aragão. Depois disso, novos exércitos foram responsáveis por expulsar os muçulmanos, definitivamente, com a tomada de Granada, no ano de 1492. A partir de então, esse reino, totalmente unificado e sob o comando de uma monarquia absolutista, passou a fortalecer-se, inclusive com grande incentivo ao comércio marítimo.

Fontes:
MORAES, José Geraldo Vinci. História Geral e do Brasil. São Paulo: Atual, 2009.
VICENTINO, Cláudio. História Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2010.
NETO, José Alves de Freitas. História. São Paulo: Harbra, 2009.
http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/historia/historia_trab/formacaodeportugal.htm
http://www.eb1-cacem-n1.rcts.pt/historia/formacao.html
http://www.brasilescola.com/historiag/formacao-monarquia-nacional-espanhola.htm
http://abdoneurico.sites.uol.com.br/portugal.htm

Adaptação: Paulo Jardim

Responde às questões abaixo, de maneira clara, completa e detalhada.

1. Relaciona o Estado absolutista com a expansão comercial europeia.
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2. Como o Estado absolutista prejudicou alguns nobres e favoreceu outros?
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3. Para os servos e vilões, o Estado absolutista foi positivo, negativo ou apresentou esses dois aspectos?
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4. Assinala a alternativa correta, justificando-a a seguir.
Quanto ao Estado absolutista, é correto afirmar que:
( A )       beneficiou apenas a burguesia;
( B )        beneficiou apenas a nobreza;
( C )        manteve a fragmentação territorial, típica da Idade Média;
( D )       manteve a fragmentação política, típica da Idade Média;
( E )        apresentou-se como um “Estado de equilíbrio” entre os grupos dominantes;
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       Um dos pontos turísticos mais famosos do mundo é o Palácio de Versalhes ou também conhecido como Palácio de Versalhes, localizado na cidade de Versalhes, uma aldeia rural à época de sua construção, mas atualmente um subúrbio de Paris.
     Considerado um dos maiores do mundo, o Palácio de Versalhes possui 2.000 janelas, 700 quartos, 1.250 lareiras e 700 hectares de parque. É um dos pontos turísticos mais visitados de França, recebe em média oito milhões de turistas por ano e fica a três quarteirões da estação ferroviária. Construído pelo rei Luís XIV, o Rei Sol, a partir de 1664, foi por mais de um século modelo de residência real na Europa.
http://www.bigviagem.com/palacio-de-versalhes-pontos-turisticos/